Nessa tag inauguro uma nova sessão no blog intitulada RELATO DE CASO. a idéia é que possamos compartilhar achados clínicos empíricos da vivência em fisioterapia, destaco que o conteúdo é de responsabilidade dos autores e que o blog é só um meio de divulgação e compartilhamento, Abraços.
Relato de Caso: Fratura de Calcâneo
AUTORES
Aline Rafael Viega Ferreira
Nayra Bernardo da Silva
Mirella Vance de Figueiredo Ramos
Introdução
O calcâneo é um osso de sustentação e amortecimento de cargas dinâmicas. Ele forma o calcanhar e suporta grande parte de todo o peso do corpo, principalmente na primeira fase da marcha (1).
As fraturas de calcâneo correspondem a 2% do total de fraturas do corpo humano e ocorre geralmente em quedas de altura ou acidentes automobilísticos em pacientes em idade produtiva, o que causa problemas de ordem social e econômica, pois ocorrem em indivíduos economicamente ativos. (2)
As fraturas podem ser classificadas em dois grupos: sem comprometimento articular e com comprometimento articular (3). De acordo com Hoppenfeld e Murthy (4) fraturas extra-articulares de calcâneo são geralmente decorrentes de impacto súbito de alta velocidade no calcanhar, como a queda de uma altura de 1 metro ou um acidente automobilístico.
Relato de Caso
Paciente de 41 anos de idade, sexo feminino, admitida no serviço de urgência do Hospital Regional do Agreste em Caruaru – PE, vítima de um acidente motociclístico, relatando fortes dores na região do calcanhar esquerdo. Na história relatou que, ao andar na carona de uma motocicleta teve seu pé preso entre os aros da roda traseira. O estudo radiológico permitiu o diagnóstico de fratura extra-articular de calcâneo. No mesmo dia foi submetida a tratamento cirúrgico da fratura, onde foram colocados seis fios de kirschner (Figura 1).
Figura 1. Radiografia em perfil, evidenciando o tratamento cirúrgico com fios de kirschner na fratura de calcâneo. |
Após 24 dias do tratamento cirúrgico a mesmo foi admitida no Ginásio de Fisioterapia do Hospital Regional do Agreste, onde na avaliação foram encontrados os seguintes achados: Hipotrofia de membro inferior esquerdo, presença de edema na região do tornozelo, marcha com apoio de muletas (Figura 2), presença de dor e secreção purulenta na região da incisão cirúrgica (Figura 3), aparente aumento da temperatura na região edemaciada.
Figura 2. Marcha com apoio de muletas. Figura 3. Presença de secreção purulenta na região da incisão cirúrgica. |
Goniometria:
Eversão | 6º |
Inversão | 16º |
Dorsiflexão | 9º |
Flexão plantar | 14º |
Perimetria da coxa (ponto de referência: borda superior da patela):
| MID | MIE |
0 | 32 cm | 31cm |
7 | 34,5 cm | 33 cm |
14 | 41,5 cm | 39 cm |
21 | 47 cm | 44,5 cm |
Perimetria da perna (ponto de referência: borda inferior da patela):
| MID | MIE |
0 | 30,5 cm | 29,5 cm |
5 | 30,5 cm | 28 cm |
10 | 30 cm | 26 cm |
15 | 26 cm | 23 cm |
20 | 21 cm | 20 cm |
Teste de força (MIE):
Flexores do quadril | Grau 4 |
Extensores do quadril | Grau 4 |
Abdutores | Grau 4 |
Adutores | Grau 4 |
Flexores do joelho | Grau 5 |
Extensores do joelho | Grau 5 |
Eversores | Grau 3 |
Inversores | Grau 3 |
Dorsiflexores | Grau 3 |
Flexores plantares | Grau 3 |
Diante da avaliação realizada, inicialmente foram traçados alguns objetivos como a redução do edema, redução do quadro álgico, melhora da amplitude de movimento, melhora do trofismo e força muscular, prevenção de deformidades e melhora da marcha com muletas.
Para atingir os objetivos traçados foi adotado a crioterapia por 30 minutos na região edemaciada, alongamentos da musculatura global dos membros inferiores, limitando sempre a dor da paciente, mobilização ativa e passiva de todos os movimentos do tornozelo, fortalecimento da musculatura do membro inferior sem carga (Figura 4), exercícios de propriocepção com auxílio do tablado e bola (Figura 5), apoio parcial do pé no chão (Figura 6) e a utilização do FES na região da coxa e perna para auxiliar a paciente a realizar o movimento de dorsiflexão e contração isométrica do quadríceps (Figura 7).
Figura 4. Fortalecimento isométrico com auxílio da bola. |
Figura 5. Propriocepção com auxílio da bola. |
Figura 6. Apoio parcial do pé no chão. |
Figura 7. Utilização do FES. |
Após dezoito sessões de fisioterapia a paciente retornou ao médico, onde foram retirados quatro, dos seis fios de kirschner, sendo liberada para o apoio parcial do peso e o apoio com só uma muleta. Ao retornar ao serviço de fisioterapia foi feito uma reavaliação e iniciado trabalho de fortalecimento com carga (Figura 8), o inicio de deambulação com apoio só de uma muleta e o apoio parcial de peso com o pé no chão.
Figura 8. Exercícios de fortalecimento da dorsiflexão com carga manual. |
Goniometria:
| AVALIAÇÃO | REAVALIAÇÃO |
Eversão | 6º | 14º |
Inversão | 16º | 12º |
Dorsiflexão | 9º | 13º |
Flexão plantar | 14º | 18º |
Perimetria da coxa (ponto de referência: borda superior da patela):
| AVALIAÇÃO | REAVALIAÇÃO | ||
MID | MIE | MID | MIE | |
0 | 32 cm | 31cm | 32 cm | 31,5 cm |
7 | 34,5 cm | 33 cm | 35 cm | 33,5 cm |
14 | 41,5 cm | 39 cm | 41,5 cm | 40 cm |
21 | 47 cm | 44,5 cm | 47 cm | 45 cm |
Perimetria da perna (ponto de referência: borda inferior da patela):
| AVALIAÇÃO | REAVALIAÇÃO | ||
MID | MIE | MID | MIE | |
0 | 30,5 cm | 29,5 cm | 30,5 cm | 29,5 cm |
5 | 30,5 cm | 28 cm | 31 cm | 28,5 cm |
10 | 30 cm | 26 cm | 30 cm | 26,5 cm |
15 | 26 cm | 23 cm | 26,5 cm | 24 cm |
20 | 21 cm | 20 cm | 21 cm | 20 cm |
Teste de força (MIE):
| AVALIAÇÃO | REAVALIAÇÃO |
Flexores do quadril | Grau 4 | Grau 5 |
Extensores do quadril | Grau 4 | Grau 5 |
Abdutores | Grau 4 | Grau 5 |
Adutores | Grau 4 | Grau 5 |
Flexores do joelho | Grau 5 | Grau 5 |
Extensores do joelho | Grau 5 | Grau 5 |
Eversores | Grau 3 | Grau de força mantido |
Inversores | Grau 3 | |
Dorsiflexores | Grau 3 | |
Flexores plantares | Grau 3 |
Após 26 sessões, desde a admissão no Ginásio de Fisioterapia do Hospital Regional do Agreste, a paciente não compareceu mais a fisioterapia não podendo assim registrar a continuidade do seu tratamento.
Conclusão
Em 26 sessões, nas quais tratou e analisou-se a evolução da paciente, foi verificado que apesar se ser uma fratura em uma região delicada, por ser diretamente ligada à marcha, os resultados obtidos foram alcançados. Foi possível observar que o edema cessou, a paciente obteve uma melhora na força, na amplitude de movimento e diminuição do quadro álgico.
Apesar de o tratamento ter sido interrompido a fratura obteve um bom prognóstico, confirmando a importância da fisioterapia, possibilitando ao paciente o retorno mais breve e com qualidade as suas atividades da vida diária.
Pena que a grande maioria dos pacientes quando não sentem mais dores acham que já estão bom e abandonam o tratamento. Mais muito bom o caso principalmente pela infecção que se tinha no início.
ResponderExcluirquanto tempo leva para um paciente voltar a andar perfeitamente depois de uma fratura de calcanio que não ouve nessecidade de sirurgia
ResponderExcluirÉ muito relativa, depende da fratura, da idade, do paciente... Não existe, nesse caso um tempo padrão....
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