AUTORES: Camila Souza, Cyntya Karynna e Rosa Camila G. Paiva
CARUARU, SETEMBRO / 2012
INTRODUÇÃO
O
joelho é uma articulação sinovial do tipo gínglimo, sendo formada por três ossos:
fêmur, patela e tíbia. Na parte superior estão situados os côndilos femorais
distais, anteriormente a patela e na região posterior estão os côndilos tibiais
proximais. Sua função é resistir às cargas, promover estabilidade e
proporcionar grande amplitude de movimento. É um das articulações mais
suscetíveis a lesão, devido a sua estrura funcional e a atuação de forças
externas.
Nos
últimos anos, as fraturas de joelho, especialmente as de platô tibial, tem se
tornado mais comuns, principalmente devido a acidentes automobilísticos (Schwartsmann,
2003). Outros fatores que também podem levar a este tipo de fratura são as quedas,
atropelamentos, pessoas com osteoporose, dentre outros. As forças em valgo,
varo ou forças compressivas, podem levar a uma fratura de platô tibial lateral,
medial, ou bicondilar (Hall e Brody, 2001).
O
tratamento da fratura de platô tibial pode ser cirúrgico, ou conservador, onde
são utilizadas talas ou tração, e a eleição do melhor tipo de tratamento vai
ocorrer de acordo com o tipo de fratura e da gravidade da lesão. Este tipo de
fratura quando não tem uma intervenção rápida e eficaz, pode levar a
pseudoartrose, daí a importância da fisioterapia no pós-cirúrgico imediato.
RELATO
DE CASO
Paciente A.A.L, 41 anos de idade, sexo masculino,
admitido no IMIP, vítima de um acidente motociclístico em março de 2012,
referindo dores no joelho direito. Na história, relatou que, ao frear
bruscamente, a moto caiu sobre a perna direita. O exames de imagem, RaioX (figura
1a) e Ressonância Magnética (figura 2), mostraram uma fratura de platô tibial,
com cominuição de côndilo lateral da tíbia. Foi submetido a tratamento
cirúrgico, onde foram colocados placa e parafuso (figura 1b), e utilizado
enxerto ósseo para o côndilo, retirado da crista ilíaca.
Após 15 dias do tratamento cirúrgico o paciente
foi admitido num serviço particular de home care. Na avaliação, o paciente relatou
como queixa principal “dor em fisgada”.
Na inspeção foi encontrado: edema em joelho e tornozelo direito,
limitação na flexão do joelho; cicatriz levemente aderida, porém com boa
cicatrização; hipotrofia de quadríceps, bíceps femoral e gastrocnêmios; e
hipotonia de quadríceps.
GONIOMETRIA
Flexão
|
22°
|
Extensão
|
0°
|
TESTE DE FORÇA
MUSCULAR
Flexores do joelho
|
Grau 2
|
Extensores do joelho
|
Grau 3
|
Flexores do quadril
|
Grau 3
|
Extensores do quadril
|
Grau 3
|
Abdutores
|
Grau 3
|
Adutores
|
Grau 3
|
Flexores plantar
|
Grau 4
|
Dorsiflexores
|
Grau 4
|
PERIMETRIA DA COXA
(ponto de referência: borda superior da patela)
|
MID
|
MIE
|
0
|
47,5 cm
|
44 cm
|
7 cm acima
|
50 cm
|
47 cm
|
14 cm acima
|
53,5 cm
|
53 cm
|
21 cm acima
|
59 cm
|
57 cm
|
PERIMETRIA DA PERNA
(ponto de referência: borda inferior da patela)
|
MID
|
MIE
|
0
|
45 cm
|
41 cm
|
7
|
44 cm
|
40,5 cm
|
14
|
45,5 cm
|
42 cm
|
21
|
44 cm
|
41cm
|
Após a avaliação, foram traçados os seguintes
objetivos:
·
Diminuir edema;
·
Eliminar o quadro álgico;
·
Prevenir deformidades;
·
Devolver a artrocinemática do joelho;
·
Aumentar a amplitude de movimento;
·
Aumentar o tônus e trofismo muscular;
·
Melhorar a propriocepção;
·
Treinar o equilíbrio;
·
Reeducar a marcha.
Para
alcançar tais objetivos, o tratamento foi dividido em três fases, onde os
exercícios e o grau de dificuldade dos mesmos eram modificados de acordo com a
evolução do paciente.
Na
primeira fase, as sessões de fisioterapia foram realizadas cinco vezes por
semana, durante os três primeiros meses. O tratamento foi iniciado utilizado
U.S no joelho, e tornozelo direito (figura 3).
Crioterapia, elevação e compressão, por 20 minutos, na região
edemaciada. Massagem pericicatricial. Alongamento da musculatura global de
membros inferiores, que nesta fase eram realizados de forma passiva ou
ativo-assistida. Mobilização intra-articular de joelho (figura 4), e
mobilização patelar.
Também
foram realizados nesta fase, exercícios para ganho de amplitude de movimento do
joelho (figura 5).
Fortalecimento de quadríceps com FES (figura 6), e de
abdutores, adutores e extensores do quadril. Exercício de ponte. Fortalecimento
de inversores, eversores, dorsiflexores e plantiflexores com faixa elástica.
Descarga de peso parcial na bola. Propriocepção com auxílio da bola.
Após
60 sessões de fisioterapia o paciente retornou
ao médico, onde foi liberado para a descarga de peso. Daí deu-se início a segunda
fase do tratamento, onde a fisioterapia era realizada duas vezes por semana, e
hidroterapia duas vezes por semana, sendo realizado em outro serviço.
Nesta segunda fase, os alongamentos eram realizados de forma
ativa, e os exercícios de fortalecimento foram intensificados (figuras 7, 8 e
9).
Na terceira fase, optou-se pelo “treinamento funcional”, onde
foram acrescentados dissociação de cinturas, treino de equilíbrio. Treino de
marcha e exercícios pliométricos
REAVALIAÇÃO
Ao
reavaliar o paciente, foi observada uma grande melhora no quadro geral da
paciente. Melhora do quadro álgico, eliminação do edema, melhora da força e ganho
de amplitude de movimento, equilíbrio, como também reeducação da marcha.
GONIOMETRIA:
AVALIAÇÃO
|
REAVALIAÇÃO
(25/ 09/12)
|
|
Flexão
|
22°
|
128º
|
Extensão
|
0º
|
0º
|
TESTE DE FORÇA MUSCULAR:
AVALIAÇÃO
|
REAVALIAÇÃO
(25/09/12)
|
|
Flexores
do joelho
|
Grau 2
|
Grau 5
|
Extensores
do joelho
|
Grau 3
|
Grau 5
|
Flexores
do quadril
|
Grau 3
|
Grau 5
|
Extensores
do quadril
|
Grau 3
|
Grau 5
|
Abdutores
|
Grau 3
|
Grau 5
|
Adutores
|
Grau 3
|
Grau 5
|
Flexores
plantar
|
Grau 4
|
Grau 5
|
Dorsiflexores
|
Grau 4
|
PERIMETRIA DA COXA (ponto de referência: borda
superior da patela):
AVALIAÇÃO
|
REAVALIAÇÃO
(25/09/12)
|
|||
MID
|
MIE
|
MID
|
MIE
|
|
0
|
47,5 cm
|
44 cm
|
45 cm
|
44 cm
|
7
|
50 cm
|
47 cm
|
48 cm
|
47,5 cm
|
14
|
53,5 cm
|
53 cm
|
51 cm
|
53 cm
|
21
|
59 cm
|
57 cm
|
59 cm
|
57,5 cm
|
PERIMETRIA DA PERNA (ponto de referência: borda
inferior da patela):
AVALIAÇÃO
|
REAVALIAÇÃO
(25/09/12)
|
|||
MID
|
MIE
|
MID
|
MIE
|
|
0
|
45 cm
|
41 cm
|
41,5 cm
|
41 cm
|
7
|
44 cm
|
40,5 cm
|
41 cm
|
40 cm
|
14
|
45,5 cm
|
42 cm
|
42,5 cm
|
42 cm
|
21
|
44 cm
|
41 cm
|
41,5 cm
|
41 cm
|
CONCLUSÃO
Após
aproximadamente 80 sessões de fisioterapia, foi verificado que houve redução do
edema e eliminação da dor, consolidação da fratura sem deformidades, aumento da
amplitude de movimento e aumento de força. O paciente também conseguiu reeducar
a marcha e alcançar um melhor equilíbrio
e coordenação, sem alterações. Portanto, conclui-se que houve grande sucesso
com o tratamento proposto, pois todos os objetivos foram alcançados. Através da
fisioterapia, o paciente teve um ótimo prognóstico, podendo assim, retornar as
suas atividades de vida diária, como também houve uma melhora em sua qualidade
de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVANGELISTA, A. L; MACEDO,
J. Treinamento funcional e core training: Exercícios práticos aplicados. São
Paulo: Ed. Phorte, 2011.
HALL, C.M; BRODY, L.T.
Exercícios Terapêuticos: Na busca da função. 3
edição.São Paulo, 2001.
HAMILL, Joseph,
KNUTEN, Kathleen M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano . São Paulo: Ed. Manole, 1999
PLAPLER, Pérola G. protocolo
de reabilitação do joelho: artigo de revisão e atualização. ACTA ORTOP BRAS
3(4) OUT/DEZ, 1995.
SCHWARTSMANN,
C.et al. Fraturas:
Princípios e Pratica.
1 edição. São Paulo, 2003.
REED, A.;HAW.J.Eletroterapia
Aplicada; Princípios e Prática. 3
edição.São Paulo, 2002.
adorei
ResponderExcluirme ajude tb estou com um mes que coloquei pinos e platina na perna mas estou fazendo exercicios em casa ate o presente momento e a minha perna doi muito ao tentar dobrar quebrei o pato tibial sao 10 pinos e 2 platina na perna esquerda e agora eu acho que os meus nervos endureceram pq doi muito ao tentar dobrar a perna meu email e adriana3380@hotmail.com me ajude se puder desde ja agradeço m
ResponderExcluirJana, Esse foi um caso acompanhado por alunos, portanto não sei o desfecho... mas normalmente não é retirada.. :)
ResponderExcluirDrika, você está fazendo fisioterapia? tem que fazer...
Olá!!! Fraturei o platô tibial há 7 meses.Fui submetida a 1º cirurgia depois dois meses a cirurgia não fechava e ficava drenando muito, aí fui submetida à 2º cirurgia, passaram-se mais dois meses e nada da cirurgia fechar.Pra piorar um dos fios rompeu e eu sentia muita dor foi retirado tambem.A cirurgia fechouJá faz quase 8 meses e sinto muita dor e não consigo andar faço fisioterapia desde o inicio.Sinto muita dor na patela e atras da perna tipo os nervos chega ficar bloqueada.E minha perna está torta.Gostaria de saber se com o passar do tempo elas concertam.Obrigada.
ResponderExcluirNão vi o caso... Mas se a consolidação foi viciosa (por isso está com desvio) não vai alinhar sem outro procedimento cirúrgico. Mas como você teve infecção, pode não ser indicado o realinhamento..
ExcluirBOM DIA DRa. SOU ESTUDANTE DO SÉTIMO PERÍODO DE FISIOTERAPIA, ESTOU CM UMA DUVIDA,MEU TIO SOFREU UMA FRATURA NO PLATOR TIBIAL E NÃO FOI NECESSÁRIO TRATAMENTO CRUENTO POIS NÃO ACONTECEU DESVIO E NÃO AFETOU NENHUM LIGAMENTO. FICOU 35 DIAS COM APARELHO GESSADO E TIROU A 8 DIAS ATRÁS.FOI ENCAMINHADO PARA FISIOTERAPIA E ESTA COM SUA ARTROCINEMÁTICA DENTRO DO PADRÃO DA NORMALIDADE,UM EDEMA RESIDUAL NO LOCAL,AUSÊNCIA DE ALGIA,PEQUENA HIPOTROFIA NO QUADRÍCEPS. ELE ESTÁ COMPLETANDO 43 DA FRATURA,O QUE ESTOU ACHANDO ESTRANHO FOI O ORTOPEDISTA TER LIBERADO PARA CARGA E TER INDICADO QUE ELE ANDASSE NA AREIA DA PRAIA,JÁ QUE, A LITERATURA ACONSELHA SOMENTE SER POSTO CARGA PÓS 2 A 3 MESES DA RETIRADA DO GESSO. ESTOU PREOCUPADO COM RAZÃO OU ESTÁ DENTRO DA NORMALIDADE? OBRIGADO!
ResponderExcluirA literatura recomenda, mesmo com consolidação mais precoce, que o apoio total seja entre 70 e 90 dias, mas pode-se iniciar apoio parcial (até 20% do peso corporal) antes disso para estimular a qualidade do calo. Caso não seja esse o caso, pode ser mais precoce em fraturas sem desvio ou ocultas. Em fraturas com desvio ou afundamentos de plato p apoio antes pode, tardiamente desencadear consolidação em valgo.
ExcluirBOM DIA DRa. SOU ESTUDANTE DO SÉTIMO PERÍODO DE FISIOTERAPIA, ESTOU CM UMA DUVIDA,MEU TIO SOFREU UMA FRATURA NO PLATOR TIBIAL E NÃO FOI NECESSÁRIO TRATAMENTO CRUENTO POIS NÃO ACONTECEU DESVIO E NÃO AFETOU NENHUM LIGAMENTO. FICOU 35 DIAS COM APARELHO GESSADO E TIROU A 8 DIAS ATRÁS.FOI ENCAMINHADO PARA FISIOTERAPIA E ESTA COM SUA ARTROCINEMÁTICA DENTRO DO PADRÃO DA NORMALIDADE,UM EDEMA RESIDUAL NO LOCAL,AUSÊNCIA DE ALGIA,PEQUENA HIPOTROFIA NO QUADRÍCEPS. ELE ESTÁ COMPLETANDO 43 DA FRATURA,O QUE ESTOU ACHANDO ESTRANHO FOI O ORTOPEDISTA TER LIBERADO PARA CARGA E TER INDICADO QUE ELE ANDASSE NA AREIA DA PRAIA,JÁ QUE, A LITERATURA ACONSELHA SOMENTE SER POSTO CARGA PÓS 2 A 3 MESES DA RETIRADA DO GESSO. ESTOU PREOCUPADO COM RAZÃO OU ESTÁ DENTRO DA NORMALIDADE? OBRIGADO!
ResponderExcluirOla, tive uma fratura no platô tibial, da perna esquerda.. estou com placa e uns 5 parafusos na perna, me acidentei em 13 de maio, foi um acidente de moto, onde a mesma caiu sobre a minha perna, fiz a cirurgia dia 19 de maio ate hoje já fazem 79 dias que estou assim, comecei as sessões de fisioterapia no dia 20 de julho, já fiz umas 6 sessões e quando é para dobrar a perna, doi muito parece ate que vai quebra-la de novo, mas queria saber se forcar para dobrar, mesmo apesar de doer isso não vai me prejudicar ne? queria saber se existe alguma técnica ou alguma coisa que eu possa fazer para me recuperar com mais evolução, faço a fisioterapia 3 x por semana, mas em casa eu também faço os exercícios recomendados, mas quando a dobrar o joelho, ele já esta em 35 º +/-, será que quando eu recuperar os movimentos, eu poderei continuar os meus afazeres do dia a dia normalmente? meu dia a dia é uma jornada de 6 horas de trabalho, onde passo o dia em pé, e também caminhava muito, e praticava exercícios de peso em academia, será que um dia poderei voltar como era antes, como praticar aulas de jump e bike, como de costume? estou com medo de que ela não volte a ficar como era antes :/
ResponderExcluirNa verdade você demorou muito a iniciar a fisioterapia, o que prejudicou a evolução... Agora, para recuperar o movimento do joelho você vai sofrer um pouco... Mas não pode desistir... Em muitos casos a recuperação é boa e o paciente retorna suas atividades normais, o que depende caso a caso...
ExcluirBoa tarde Dra. também tive uma fratura do plato tibial em acidente de moto; a fratura teve menos de 2mm e nao houve desvio entao o médico recomendou o tratamento conservador, e agora estou com a tala de geesso. A minha dúvida é a seguinte ele disse não ter afetado os ligamentos, mas ainda não foi feito exame de ressonancia magnetica, sendo que o médico afirmou que ainda irei fazer após um tempo de imobilização. O unico exame realizado alem dos raios x foi a tomografica computadorizadda multislice. desse modo estou apreensiva quanto a situação dos ligamentos devo aguardar realmente, não deveria ter sido avaliado?! também me passou que somente posso dobrar o joelho após 45 dias. Aapós esse peeriodo poderei iniciar a fisio? Em casos como esse demora em média quanto tempo para poder andar normalmente e voltar as atividades? fazia pilates anteriormente e queria reetornar.
ResponderExcluirSe puder responder irá ajudar bastante. muito obrigada
Olá, Kátia! Normalmente o tempo pra deambulação (marcha) com descarga de peso completa e sem muletas é de 90 dias. O tempo pra retorno da atividade esportiva é variável, mas geralmente maior que 6 meses, tempo de amadurecimento mínimo do calo ósseo.
ResponderExcluirDra. com 55 dias realizei exames, o médico constatou que já havia se formado calo ósseo e disse estar consolidado, porém não liberou carga nem parcial, o que me deixou confusa se já havia consolidaçao. disse que iria liberar a carga somente na proxima consulta, estarei com 76 dias esta carga poderá ser completa?? obrigada
ExcluirO calo precisa estar formado e maduro. No caso específico do platô, antes dos 90 dias o calo (mesmo formado) pode sofrer remodelação óssea e causar desvios, por isso a praxe é 90 dias.... Inclusive com consolidação antes do prazo.
Excluirentendi muito obrigada :)
ResponderExcluirola tive uma fratura no platô e coloquei 2 pinos no dia 03 de fevereiro já posso dobrar meu joelho sem medo ?
ResponderExcluirobrigado
Oi boa noite dra.sofri um acidente de moto tive fratura do plator tibial gravíssima.passei 90 dias sem bota forca comecei fazer a fisio com um mês de cirurgia,minha perna está um pouco torta com um desvio pra fora o posso fazer pra melhorar e caso cirúrgico de novo
ResponderExcluir