quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Relato de caso: Fratura de calcâneo

Nessa tag inauguro uma nova sessão no blog intitulada RELATO DE CASO. a idéia é que possamos compartilhar achados clínicos empíricos da vivência em fisioterapia, destaco que o conteúdo é de responsabilidade dos autores e que o blog é só um meio de divulgação e compartilhamento, Abraços.


Relato de Caso: Fratura de Calcâneo



AUTORES

Aline Rafael Viega Ferreira
Nayra Bernardo da Silva
Mirella Vance de Figueiredo Ramos



Introdução

O calcâneo é um osso de sustentação e amortecimento de cargas dinâmicas. Ele forma o calcanhar e suporta grande parte de todo o peso do corpo, principalmente na primeira fase da marcha (1).
As fraturas de calcâneo correspondem a 2% do total de fraturas do corpo humano e ocorre geralmente em quedas de altura ou acidentes automobilísticos em pacientes em idade produtiva, o que causa problemas de ordem social e econômica, pois ocorrem em indivíduos economicamente ativos. (2)
As fraturas podem ser classificadas em dois grupos: sem comprometimento articular e com comprometimento articular (3). De acordo com Hoppenfeld e Murthy (4) fraturas extra-articulares de calcâneo são geralmente decorrentes de impacto súbito de alta velocidade no calcanhar, como a queda de uma altura de 1 metro ou um acidente automobilístico.

Relato de Caso
                                
     Paciente de 41 anos de idade, sexo feminino, admitida no serviço de urgência do Hospital Regional do Agreste em Caruaru – PE, vítima de um acidente motociclístico, relatando fortes dores na região do calcanhar esquerdo. Na história relatou que, ao andar na carona de uma motocicleta teve seu pé preso entre os aros da roda traseira. O estudo radiológico permitiu o diagnóstico de fratura extra-articular de calcâneo. No mesmo dia foi submetida a tratamento cirúrgico da fratura, onde foram colocados seis fios de kirschner (Figura 1).

Figura 1. Radiografia em perfil, evidenciando o tratamento cirúrgico com fios de kirschner na fratura de calcâneo.

Após 24 dias do tratamento cirúrgico a mesmo foi admitida no Ginásio de Fisioterapia do Hospital Regional do Agreste, onde na avaliação foram encontrados os seguintes achados: Hipotrofia de membro inferior esquerdo, presença de edema na região do tornozelo, marcha com apoio de muletas (Figura 2), presença de dor e secreção purulenta na região da incisão cirúrgica (Figura 3), aparente aumento da temperatura na região edemaciada.

                                                Figura 2. Marcha com apoio de muletas.
Figura 3. Presença de secreção purulenta na região da incisão cirúrgica.

Goniometria:
Eversão
Inversão
16º
Dorsiflexão
Flexão plantar
14º


Perimetria da coxa (ponto de referência: borda superior da patela):

MID
MIE
0
32 cm
31cm
7
34,5 cm
33 cm
14
41,5 cm
39 cm
21
47 cm
44,5 cm

Perimetria da perna (ponto de referência: borda inferior da patela):

MID
MIE
0
30,5 cm
29,5 cm
5
30,5 cm
28 cm
10
30 cm
26 cm
15
26 cm
23 cm
20
21 cm
20 cm

Teste de força (MIE):
Flexores do quadril
Grau 4
Extensores do quadril
Grau 4
Abdutores
Grau 4
Adutores
Grau 4
Flexores do joelho
Grau 5
Extensores do joelho
Grau 5
Eversores
Grau 3
Inversores
Grau 3
Dorsiflexores
Grau 3
Flexores plantares
Grau 3

Diante da avaliação realizada, inicialmente foram traçados alguns objetivos como a redução do edema, redução do quadro álgico, melhora da amplitude de movimento, melhora do trofismo e força muscular, prevenção de deformidades e melhora da marcha com muletas.
Para atingir os objetivos traçados foi adotado a crioterapia por 30 minutos na região edemaciada, alongamentos da musculatura global dos membros inferiores, limitando sempre a dor da paciente, mobilização ativa e passiva de todos os movimentos do tornozelo, fortalecimento da musculatura do membro inferior sem carga (Figura 4), exercícios de propriocepção com auxílio do tablado e bola (Figura 5), apoio parcial do pé no chão (Figura 6) e a utilização do FES na região da coxa e perna para auxiliar a paciente a realizar o movimento de dorsiflexão e contração isométrica do quadríceps (Figura 7).
Figura 4. Fortalecimento isométrico com auxílio da bola.

Figura 5. Propriocepção com auxílio da bola.


Figura 6. Apoio parcial do pé no chão.
Figura 7. Utilização do FES.
Após dezoito sessões de fisioterapia a paciente retornou ao médico, onde foram retirados quatro, dos seis fios de kirschner, sendo liberada para o apoio parcial do peso e o apoio com só uma muleta. Ao retornar ao serviço de fisioterapia foi feito uma reavaliação e iniciado trabalho de fortalecimento com carga (Figura 8), o inicio de deambulação com apoio só de uma muleta e o apoio parcial de peso com o pé no chão.
Figura 8. Exercícios de fortalecimento da dorsiflexão com carga manual.
 Na reavaliação foi possível observar uma melhora considerável no quadro geral da paciente. Melhora do quadro álgico, sem presença de edema, melhora da força e ganho de amplitude de movimento como mostra as tabelas abaixo.

Goniometria:

AVALIAÇÃO
REAVALIAÇÃO
Eversão
14º
Inversão
16º
12º
Dorsiflexão
13º
Flexão plantar
14º
18º

Perimetria da coxa (ponto de referência: borda superior da patela):

AVALIAÇÃO
REAVALIAÇÃO
MID
MIE
MID
MIE
0
32 cm
31cm
32 cm
31,5 cm
7
34,5 cm
33 cm
35 cm
33,5 cm
14
41,5 cm
39 cm
41,5 cm
40 cm
21
47 cm
44,5 cm
47 cm
45 cm

Perimetria da perna (ponto de referência: borda inferior da patela):

AVALIAÇÃO
REAVALIAÇÃO
MID
MIE
MID
MIE
0
30,5 cm
29,5 cm
30,5 cm
29,5 cm
5
30,5 cm
28 cm
31 cm
28,5 cm
10
30 cm
26 cm
30 cm
26,5 cm
15
26 cm
23 cm
26,5 cm
24 cm
20
21 cm
20 cm
21 cm
20 cm


Teste de força (MIE):

AVALIAÇÃO
REAVALIAÇÃO
Flexores do quadril
Grau 4
Grau 5
Extensores do quadril
Grau 4
Grau 5
Abdutores
Grau 4
Grau 5
Adutores
Grau 4
Grau 5
Flexores do joelho
Grau 5
Grau 5
Extensores do joelho
Grau 5
Grau 5
Eversores
Grau 3

Grau de força mantido
Inversores
Grau 3
Dorsiflexores
Grau 3
Flexores plantares
Grau 3


Após 26 sessões, desde a admissão no Ginásio de Fisioterapia do Hospital Regional do Agreste, a paciente não compareceu mais a fisioterapia não podendo assim registrar a continuidade do seu tratamento.


Conclusão

Em 26 sessões, nas quais tratou e analisou-se a evolução da paciente, foi verificado que apesar se ser uma fratura em uma região delicada, por ser diretamente ligada à marcha, os resultados obtidos foram alcançados. Foi possível observar que o edema cessou, a paciente obteve uma melhora na força, na amplitude de movimento e diminuição do quadro álgico.
Apesar de o tratamento ter sido interrompido a fratura obteve um bom prognóstico, confirmando a importância da fisioterapia, possibilitando ao paciente o retorno mais breve e com qualidade as suas atividades da vida diária.

3 comentários:

  1. Pena que a grande maioria dos pacientes quando não sentem mais dores acham que já estão bom e abandonam o tratamento. Mais muito bom o caso principalmente pela infecção que se tinha no início.

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  2. quanto tempo leva para um paciente voltar a andar perfeitamente depois de uma fratura de calcanio que não ouve nessecidade de sirurgia

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    1. É muito relativa, depende da fratura, da idade, do paciente... Não existe, nesse caso um tempo padrão....

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