domingo, 20 de março de 2011

E aí, que já ouviu falar de fáscia?

Quando aluna tinha enorme dificuldade de compreender a fáscia. Naquele tempo (vixe, to ficando velha?!) não se falava tanto sobre o tema, ou pelo menos não era dada, na minha graduação, tanta ênfase.


Fonte: http://www.estiloculturismo.com.br/src/img/noticias/metodo%20fst7/facia%20muscular.bmp

Esse é o enfoque do post de hoje, tentar clarear um pouco mais ou simplesmente contribuir para um maior aprofundamento a respeito do assunto. Então vamos lá!
Temos, sob o ponto de vista acadêmico, duas abordagens conceituais: Anatomicamente, a fáscia caracteriza-se como uma lâmina ou membrana de tecido conjuntivo que reveste cada músculo, órgão ou conjunto de órgãos, com função de proteção (DÂNGELO; FATTINI, 2001; BIENFAIT, 1999). Funcionalmente, se comporta como um tecido contínuo intimamente ligado ao metabolismo muscular, visceral e nervoso.
O Tecido conjuntivo (TC) tem como função principal ligar-se em outros tecidos, dando sustentação ao corpo.  Suas células são bem separadas, e com abundante substância intercelular. O tecido conjuntivo preenche espaços, dá sustentação mecânica, transporta substância, acumula reservas, protege contra agentes infecciosos, garante processo de regeneração ou cicatrização.
Tecido fibroso (TC Denso modelado): é um tecido de manutenção muito denso, capaz de resistir à ruptura. Os feixes conjuntivos encontram-se unidos uns com os outros. A disposição das fibras obedece a um mesmo sentido, aquele determinado pelas ações mecânicas as quais são submetidas.
O tecido conjuntivo pode se subdividir em:
Tecido ligamentar (constituinte dos ligamentos): é fibroso e suas fibras paralelas unem os ossos nas articulações. As fibras são dispostas de uma inserção a outra.
Tecido tendinoso (constituinte dos tendões musculares): também fibroso, sua orientação é determinada pela ação do músculo ao qual pertence. Se o músculo tem orientação em diagonal e espiral, essa também será a orientação das fibras.
Aponeuroses:  são mais ou menos densas  e apresentam fibras dispostas em planos sobrepostos que se cruzam. Como se fossem as lamelas concêntricas do anel fibroso do disco vertebral. (http://lh6.ggpht.com/_ZmHPgQA_S80/S7HXNwvdgjI/AAAAAAAABkw/A39ltY-8Ox4/Disco%20Intervertebral%5B5%5D.jpg ) O espaço deixado livre entre as células conjuntivas, é ocupado pela  Matriz extra-celular (“ substância fundamental “).
A matriz é constituída por três elementos: os feixes conjuntivos colagenosos, a rede de elastina e o líquido intersticial. Os feixes conjuntivos colagenosos, que constituem o elemento sólido do tecido, quase não são extensíveis.
Apenas suas sinuosidades permitem um apequena elasticidade. Quanto mais o tecido contém fibras colagenosas, menos elástico. O envelhecimento também densifica suas fibras.
O sistema colagenoso não é estável, durante a vida sofre influência das tensões que o tecido suporta, pode alongar-se ou densificar-se. Já que suas fibras estão em constante síntese e degradação. Sendo essa degradação estimulada pelo movimento (mobilização). Quanto mais denso o tecido, menor material líquido lacunar (liq. intersticial), menor a mobilidade, pior a nutrição tecidual.

Fonte: http://www.afh.bio.br/sentidos/img/sentidos%20pele.jpg

Bienfait (1999) destaca que foram os osteopatas que criaram o conceito de fáscia como um conjunto membranoso contínuo, representando uma única unidade funcional.
Propriedades da fáscia:
§   É ricamente inervada.
§   Tem capacidade de movimento elástico (encurtando e alongando).
§   Extensa conexão muscular.
§   Suporta e estabiliza, além de dar forma às estruturas.
§   Intimamente ligada aos fluidos venosos e linfáticos (serve de base para essa “circulação”).
§   Suas alterações funcionais e estruturais antecedem muitas doenças crônicas e degenerativas (relaciona-se a causa dessas patologias).
§   Mudanças fásciais levam a estase e congestão tecidual condições que antecedem e induzem a fibrose.
§   Os fluidos de processos infecciosos percorrem seus planos, sendo modulados pelos fluxos venosos e linfáticos.
§   Arena das reações inflamatórias.
§   Tensão definida pelas especializações fásciais. Cada fáscia tem e receptores específicos que conferem capacidades de adaptação aos esforços e traumas de maneira mais elástica ou mais plástica assim como sua constituição estrutural.
§   Envoltório também do tecido nervoso, SNC e SNP.

Existem dois tipos de fáscia:
1- Fáscia superficialis: é um exemplo de fáscia nutridora. Trata-se de um imenso tecido conjuntivo frouxo que forra a pele praticamente ao longo de toda a sua superfície. Uma das primeiras funções da fáscia superficiais é a de nutrir o epitélio cutâneo.
Isso explica por que todas as regiões desprovidas do conjuntivo frouxo são regiões de maior incidência de úlceras de pressão (região sacra e glútea, patelas, cotovelos, base do occiptal, maléolos, etc)
Além dessa função de nutrição, é ponto de partida para a maioria dos linfáticos iniciais e também importante para o processo de excreção de suor.
Não existe fáscia superficiais na face, onde os músculos ligam-se diretamente na derme. A massagem seja ela qual tipo for, torna-se eficaz pela fáscia superficialis.
2-  Aponeurose superficial: o sistema aponeurótico é o agente mecânico da coordenação motora, possuindo um “esqueleto” de tecido conjuntivo fibroso, recobrindo quase todo o corpo, e tendo a pele como um envelope flexível que a recobre.
Formada por camadas de tecido conjuntivo fibroso (denso) superpostas, com a possibilidade de desdobrar-se em um certo número de vezes. Seus desdobramentos repartem o sistema contrátil por uma divisão funcional do conjunto.
Fonte: http://educacaofisica.org/joomla/index.php?option=com_content&task


 Fonte:http://www.afh.bio.br/sentidos/img/sentidos%20pele.jpg

Repartem a globalidade do sistema musculoaponeurótico, através dos septos conjuntivos intermusculares, os quais dividem o conjunto contrátil em regiões funcionais. O sistema musculoaponeurótico dá a visão de um conjunto funcional coerente, de um todo, em que cada qual (cada porção) se encontra influenciada pela tensão das outras. Ele permite entender que a grande porção da coordenação motora é constituída por tensionamentos e reflexos miotáticos. Da mesma forma que não há ação muscular isolada, não deve haver deficiência isolada.
Todo o tecido conjuntivo, sobretudo o tecido conjuntivo fibroso, é um intenso receptor sensitivo. Como todos os receptores sensitivos, uma atividade permanente ou uma tensão prolongada, torna-os rapidamente dolorosos. Grande porção de nossas dores são por tensão. Nosso organismo defende-se contra uma tensão. Uma segunda tensão neutraliza a tensão inicial. Esta segunda tensão compensa-se por uma terceira etc. apenas a última tensão que não pode ser compensada torna-se dolorosa. Ela pode situar-se muito longe da tensão primária.
Então... Esse é meu resuminho sobre o tema... Para mais informações, sugiro os links abaixo, além do livro Fascias e pompages de Bienfait. Beijo

Renata

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