quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Produção Científica Brasileira Sobre as Fraturas Proximais de Fêmur em Idosos: Uma Breve Metanálise

Produção Científica Brasileira Sobre as Fraturas Proximais de Fêmur em Idosos: Uma Breve Metanálise
BARBOSA, Auristânia1; FREITAS, Tawan1; MULATINHO, Marcello1; NASCIMENTO Rodrigo1; OLIVEIRA, Marcella1; SILVA, Clauber1; WOOLLEY, Sílvio1; COSTA, Renata2

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA / Recife / PE


INTRODUÇÃO 

O equilíbrio e a marcha dependem de uma complexa interação entre as funções nervosas, osteomusculares, cardiovasculares e sensoriais, além da capacidade do indivíduo de adaptar-se rapidamente às mudanças ambientais e posturais. Com a idade o controle de equilíbrio se altera, causando instabilidade na marcha, o que associado à interação de vários fatores ambientais e intrínsecos, pode resultar em queda (MUNIZ et al., 2007). 

A queda é o acidente que ocorre com maior freqüência no idoso, sendo suas complicações a principal causa de morte naqueles com mais de 65 anos. A mortalidade anual em idosos devido a esse tipo de traumatismo apresenta um pico por volta dos 85 anos e, somente cerca da metade dos idosos admitidos em um hospital após esse acidente, permanece vivo no ano seguinte (MESQUITA et al., 2009). 

O trauma, que tem como conseqüência destacada a fratura proximal de fêmur, está muitas vezes relacionado à osteoporose, desnutrição, diminuição das atividades da vida diária, diminuição da acuidade visual, alteração de equilíbrio e dos reflexos, musculatura enfraquecida e outras doenças associadas, como doenças neurológicas, cardiovasculares e deformidades osteomioarticulares (ARLIANI et al., 2010; MUNIZ et al., 2007). 

Este estudo reforça sua relevância no fato de atestar que a ocorrência de fraturas por trauma na pessoa idosa gera um incremento da morbimortalidade, um impacto na capacidade funcional e um decréscimo na qualidade de vida do idoso, bem como na dinâmica familiar (MONTEIRO & FARO, 2010). 

Considerando o já exposto, o objetivo deste estudo é categorizar os artigos publicados entre os anos de 2006 e 2011, relativos ao tema: fratura proximal de fêmur em idosos. No intuito de obtermos conhecimentos e contribuir para o esclarecimento sobre um dos tipos de fraturas que mais matam idosos no mundo.


METODOLOGIA 

Foram coletados artigos científicos entre os anos de 2006 e 2011, utilizando os descritores: fratura proximal de fêmur em idosos. A base de dados para a busca foi o google acadêmico e a língua adotada foi a portuguesa. 

Em um primeiro recorte foram encontrados 273 artigos, que depois de uma triagem inicial eliminou: os artigos que não abordavam o tema proposto, os em duplicidade e os que não se encontravam livremente disponíveis na rede. Permanecendo um quantitativo final de 108 artigos, que foram catalogados segundo os critérios ano de publicação e tema abordado, conforme observa-se no tópico a seguir.


RESULTADOS E DISCUSSÃO 


A amostra foi composta por 108 artigos científicos, distribuídos nos anos seguintes conforme demonstra o gráfico 1.


Percebe-se que houve um crescimento proporcional das publicações relativas aos anos mais recentes, porém não foram encontrados dados na literatura que justificassem esse achado. Talvez o aumento da preocupação com o envelhecimento populacional justifique esse achado. 

Quanto à variável tema de abordagem dos artigos, após a segunda triagem a amostra se dividiu entre os seguintes assuntos: Cirurgia, Mortalidade, epidemiologia, tratamento clínico, Fisioterapia, Recuperação Funcional, Prevenção, Fatores de risco e Qualidade de vida, conforme expõe o gráfico 2.


Os dados do referido gráfico apontam para um volume maior de trabalhos voltados para a área de mortalidade. A frequência de fraturas da extremidade proximal do fêmur apresentou um aumento significativo nas últimas décadas. Acredita-se que isto esteja relacionado intimamente com o aumento da população geriátrica em nossa sociedade, visto que esta doença ocorre predominantemente em pacientes idosos e com incidência progressiva com o avançar da idade, sendo, segundo Arliani et al. (2010) uma das principais causas de mortalidade no idoso. 

Mascarenhas et al. (2011) destaca ainda que estima-se que 10% dos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de fraturas do terço proximal do fêmur não sobrevivam após os primeiros doze meses de pós-operatório. Dentre os que sobrevivem, 20% não consegue retornar aos níveis funcionais existentes previamente à fratura. Estes dados epidemiológicos podem também justificar a maior predominância de publicações relacionadas à mortalidade.


Segundo Fernandes et al. (2011) apenas 50% dos pacientes recuperam a atividade funcional prévia e a qualidade de vida, havendo comprometimento das atividades da vida diária e perda da independência. 
Outro achado que merece destaque, é o quantitativo baixo (3,2%) de trabalhos voltados para fisioterapia. Esse fato já era reforçado por Marques & Peccin (2005), destacando que, durante muitos anos, a fisioterapia não se baseou em produção científica própria, mas em livros sobre reabilitação importados, que muitas vezes não correspondiam às nossas necessidades e realidade. 
Coury & Vilella (2009) respaldam ainda que “o amadurecimento e a consolidação de uma profissão dependem do trabalho dos seus membros em ampliar e aprimorar o corpo de conhecimento disponível para a atuação profissional de forma a torná-lo capaz de gerar diretrizes para uma prática eficaz”. Portanto, esse baixo quantitativo exige de toda comunidade acadêmica uma reflexão sobre a produção científica em fisioterapia. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A partir dos artigos pesquisados percebeu-se a carência de publicações na área de fisioterapia. Isto pode ser explicado pelo alto índice de mortalidade relacionado a esta patologia sendo a intervenção fisioterapêutica pouco aplicada ou pela baixa produção científica na área. 
Observou-se que grande quantidade de pesquisas referentes a mortalidade pode ser justificada pelo alto índice de óbito pós trauma, sendo este um sério problema de saúde pública. 
Diante estes dados, nota-se a necessidade de estudos mais aprofundados na intervenção da fisioterapia na prevenção e no tratamento de pacientes que foram submetidos a intervenções cirúrgicas, numa tentativa de diminuição dos casos de morte e invalidez. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ARLIANI G. G., ASTUR D. C., LINHARES G. K., BALBACHEVSKY D., FERNANDES H. J. A., REIS F. B. Correlação entre o tempo para o tratamento cirúrgico e mortalidade em pacientes idosos com fratura da extremidade proximal do fêmur. Revista Brasileira de Ortopedia. São Paulo, 2011; 46(2) p: 189-194 

COURY H. J. C. G., VILELLA I. Perfil do pesquisador fisioterapeuta brasileiro. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, Jul-Ago 2009; 13(4) p: 356-363 

FERNANDES R. A., ARAÚJO D. V., TAKEMOTO M. L. S., SAUBERMAN M. V. Fraturas do fêmur proximal no idoso: estudo de custo da doença sob a perspectiva de um hospital público no Rio de Janeiro, Brasil. Revista da saúde coletiva. Rio de Janeiro, 2011; 21(2) p: 395-416. 

MARQUES A. P., PECCIN M. S. Pesquisa em fisioterapia: a prática baseada em evidencias e modelos de estudos. Fisioterapia e pesquisa. São Paulo, Jan-Abr 2005; 11(1) p: 43-48. 

MESQUITA G. V., LIMA MALTA., SANTOS A. M. R., ALVES E. L. M., BRITO J. N. P. O., MARTINS M. C. C. Morbimortalidade em idosos por fratura proximal de fêmur. Texto contexto Enferm. Florianópolis, 2009 Jan-Mar; 18(1) P: 67-73. 

MONTEIRO C. R., FARO A. C. M. Avaliação funcional de idoso vítima de fraturas na hospitalização e domicilio. Rev Esc Enferm USP. São Paulo, 2010; 44(3) p:719-724. 

MUNIZ C.F., ARNAUTE A.C., YOSHIDA M., TRELHA C.S. Caracterização dos idosos com fratura de fêmur proximal atendidos em hospital escola público. Rev. Esp. Saúde. Londrina, 2007 Jun; 8 (2) p:33-38.

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